segunda-feira, 20 de abril de 2009

CANÇÃO IV

Porque te amo
Deverias ao menos te deter
Um instante
Como as pessoas fazem
Quando vêem a petúnia
Ou a chuva de granizo.

Porque te amo
Deveria a teus olhos parecer
Uma outra Ariana Não essa que te louva
A cada verso Mas outra
Reverso de sua própria placidez
Escudo e crueldade a cada gesto.

Porque te amo, Dionísio,
é que me faço assim tão simultânea
Madura, adolescente
E por isso talvez
Te aborreças de mim.


Hilda Hilst

Nenhum comentário:

Postar um comentário