terça-feira, 14 de junho de 2011


Permita que seja eterno enquanto dure, mesmo que não dure nada.

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.



Fernando Pessoa, 1931.
A morte

A morte vem de longe
Do fundo dos céus
Vem para os meus olhos
Virá para os teus
Desce das estrelas
Das brancas estrelas
As loucas estrelas
Trânsfugas de Deus


Chega impressentida
Nunca inesperada
Ela que é na vida
A grande esperada!
A desesperada
Do amor fratricida
Dos homens, ai! dos homens
Que matam a morte
Por medo da vida
.


O meu ódio não dura mais do que só quinze minutos
Em breve morre, decompõe-se, não sobram nem os mosquitos
Nada some, se transforma então estamos todos quites
E logo nasce um novo eu e já estou pronto para recomeçar

O meu amor é um bicho para lá de muito esquisito
Perdoa tudo por ser sábio ou ser muito esquecido
Não julga nada e acha até o que eu não gosto bonito
E sempre estende a mão, sorri para mim e me manda recomeçar