terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…

Alphonsus de Guimaraens


sábado, 11 de dezembro de 2010

Flor de Liz

E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de liz
E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.


Djavan

terça-feira, 5 de outubro de 2010

E meu coração que tu não sentes vai rolando ao acaso das correntes esquife negro em um mar de chamas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Clarrise abriu o Mar
com as mãos
para seus sonhos naufragar.
Eu ja estou naufragado
e há em mim todo
este Vazio...
E as duas mãos quebradas

Não digo nada
O sorriso ainda é o mesmo,
o mesmo sem duvida.

Mas meus Olhos
estes farsantes
tão bem treinados
já não mais me servem
pois você os quebrou.

Condenado a esperar
por um navio distante
que traga quem
sabe a tão
prometida felicidade

Sozinho, sentado sobre
os escombros do que
restou espero,
espero e espero....
Sem nenhuma esperança.


Wagner B. Santos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Não Sei Quantas Almas Tenho


Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem acabei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é,


Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo

É do que nasce e não meu.

Sou minha própria paisagem;

Assisto à minha passagem,

Diverso, móbil e só,

Não sei sentir-me onde estou.


Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.

O que segue não prevendo,

O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li

O que julguei que senti.

Releio e digo : "Fui eu ?"

Deus sabe, porque o escreveu.



Fernando Pessoa
Contabilidade
Felicidade se conta com conta-gotas
Razão inversa das lágrimas que revertemos
Parco retorno de um investimento tão incerto
Que é de se pensar se vale a pena
Igualdade se conta no contracheque
Acionistas espocando a silibina
Especulando tanto que arde
A alta do preço do preservativo de baixa qualidade
Fraternidade se conta em genocídios
Homens fardados em missões saneadoras
E as estatísticas em frenética hemorragia
Manchando os aventais dos eleitores
Na nossa era
Na nossa era
Os varões exibem vis calculadoras
Na nossa era
Na nossa era
Carros, cartões de crédito, metralhadoras
Um milhão a mais um milhão a menos
Um milhão a mais um milhão a menos
Dez milhões a mais dez milhões a menos
Cem milhões a mais cem milhões a menos
Danilo Moraes
A Esfinge

Revesti-me de mistério
Por ser frágil,
Pois bem sei que decifrar-me
É destruir-me

No fundo não me importa
O enigma que proponho.

Por ser mulher e pássaro
E leoa,
Tendo forjado em aço
Minhas garras,
É que se espantam
E se apavoram.

Não me exalto.
Sei que virá o dia das respostas
E profetizo-me clara e desarmada.

E por saber que a morte
É a última chave,
Adivinho-me nas vítimas
Que estraçalho.


Myriam Fraga
A Mariposa

Borboleta pálida
amorosa da chama
não conhece o solo mundo de cores.
Tateia o que não vê.

Seu pó dourado e triste
é como uma lembrançado que pressente.

E voa para a morte
que é sua vida.




Dora Ferreira

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O menino cuja pipa nunca subia

Pobre Charlie Brown. Todos nós sentimos compaixão por ele, porque ele simboliza todas as nossas frustrações, inseguranças e fracassos na vida. O que dizer de alguém que não recebeu um cartão sequer no Dia dos Namorados, jamais conseguiu fazer voar uma pipa porque todas enganchavam em alguma árvore, nunca ganhou um jogo de beisebol (e nem chutar as bolas seguradas pela Lucy) e, principalmente, jamais teve coragem para falar com a garotinha ruiva e confessar o seu amor?

Questiona Charlie em uma das tiras: "mas o amor não existe para fazer a gente feliz?" Nem sempre, Minduim, nem sempre.

sábado, 20 de março de 2010

Tanta tristeza nas águas, na face que refletia o espelho frágil da lua, miragem e melancolia.
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
A Mariposa

Borboleta pálida
amorosa da chama
não conhece o sol
o mundo de cores.
Tateia o que não vê.
Seu pó dourado e triste
é como uma lembrança
do que pressente.
E voa para a morte
que é sua vida.








Dora Ferreira

terça-feira, 16 de março de 2010

Vem há mim,
a cada noite que passa,
um murmúrio mudo
e replicente
que incide
em dizer-me
uma triste verdade.

Como um passaro
que aos sussurros
diz ao pé do ouvido
que não terei nada alem
volupia e solidão,

E que o outro lado
da cama, ao ouvorecer,
Sempre estará vazio...

Wagner B Santos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

De pasión mortal moria
Dicen que por las noches
No más se le iba en puro llorar
Dicen que no comia
No mas se le iba en puro tomar
Juran que el mismo cielo
Se extremecia al oir su llanto
Como sufria por ella
Que hasta en su muerte
la fue llamando
Que una paloma triste
Muy de mañana le vá a cantar
A la casita sola
Con las puertitas de par en par
Juran que esa paloma
No és otra cosa mas que su alma
Que todavia la espera
A que regrese la desdichada
Cucurrucucú
Paloma
Cucurrucucú
No llores
Las piedras jamás
Paloma
Que van a saber
De amores

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Se transfigura nesta espera todos os meus "ais".
A esperança incompleta, a cabeça despovoada de lembranças
e os braços soltos de saudade.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010


Todo dia um ninguém josé acorda já deitado
Todo dia ainda de pé o zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer
Pra ver deitar o novo

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda Bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim, e é o fim

Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz

Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul
Pra que mudar?

Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz
Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?
Quem se atreve a me dizer?

Não, eu não sambo mais em vão
O meu samba tem cordão
O meu bloco tem sem ter e ainda assim
Sambo bem à dois por mim
Bambo e só, mas sambo, sim
Sambo por gostar de alguém, gostar de...

...Me lava a alma, me leva embora
Deixa haver samba no peito de quem...


Los Hermanos

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Meu destino me soa como uma musica triste. Ele tem a voz de mil arpas destroçadas.

Eu quero que este canto torto feito faca corte a carne de vocês.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros.
Dilacerados
Nossa bela história
Tá no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Vanessa da Mata

domingo, 31 de janeiro de 2010


"Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore. Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho."

Manuel de Barros

"às vezes dá vontade de subverter a ordem abandonar o script esquecer a proposta e fazer da vida uma notícia nova"
"A insustentavel leveza do ser"

sábado, 30 de janeiro de 2010

Llorando


Yo estaba bien por un tiempo,
Volviendo a sonreír.
Luego anoche te vi
Tu mano me tocó
Y el saludo de tu voz.
Y hablé muy bien de tu
Sin saber que he estado
Llorando por tu amor.

Luego de tu adiós
sentí todo mi dolor.
Sola y llorando,
Llorando.

No es fácil de entender
Que al verte otra vez
Yo seguiré llorando

Yo que pensé que te olvidé
Pero es verdad es la verdad
Que te quiero aún más,
Mucho más que ayer.
Dime tú qué puedo hacer
No me quieres ya
Y siempre estaré
Llorando por tu amor.

Tu amor se llevó
Todo mi corazon
Y quedo llorando
Llorando
Por tu amor.

REBEKAH DEL RIO